domingo, 22 de junho de 2008

Inferno na Torre

Inferno na Torre[1]

A Ciência Jurídica, talvez mais acentuadamente em suas deturpações, várias vezes teve o fogo como aliado.
Desde o Malleus Maleficarum, na Idade Média, que as fogueiras foram postas a serviço da Inquisição, forma de operacionalização perversa do Direito Canônico.
Por outro lado, o Vermelho costuma ser a cor favorita dos juristas, bem como o fulgor do rubi, de um chamejar sinestésico, que desperta o calor dos debates e o aristotélico comércio da palavra.
Mas tudo tem um limite. Essa adoração pode levar a fins catastróficos, se medidas enérgicas e mediatas não forem tomadas em nossa Vetusta Casa de Afonso Pena. Deixemos essa soporífera arenga de lado e vamos ao calor da discussão.
A fiação da Faculdade, precipuamente do Edifício Prof. Villas Boas, encontra-se em estado lastimável. As gambiarras espalham-se de maneira vultuosa, tornando-se a regra e não a exceção.
Não há um só extintor de incêndio dentro do prazo de validade. O prédio pode funcionar como uma estufa, pois não há um bloqueio arquitetônico ao fogo. Não há escadas externas para evacuar o prédio em emergências. Nunca foi feito um treinamento de evacuação do edifício em caso de incêndio. Aliás, não há sequer um alarme contra incêndio.
Certa feita, conversando com um funcionário que realiza serviços diversos na Faculdade, relatou-me ele (diga-se de passagem, enquanto minimizava um incêndio no 15º andar) que o perigo real encontra-se na biblioteca, onde a fiação faz um emaranhado impenetrável e que basta segurar um fio encapado para as mãos tremerem, dada a corrente que percola a fiação.
Mais ainda, narrou-me que, certa feita, durante um fim de semana, houve um vazamento de água na biblioteca e que encontrou a água em estado de ebulição, tal a energia despendida pela eletricidade.
Pensar na hipótese de um incêndio no horário de aula causa calafrios.
Não podemos confiar tanto na sorte. Não vamos pensar que “isso não acontece conosco”, pois pode muito bem ocorrer.
Vamos deixar o termo Vetusta somente para a tradição, para respeito à memória da Faculdade e outras nobres finalidades, e não para a nossa segurança.
Choros de vítimas só recairão sobre cinzas e não apagarão incêndios.
[1] STANCIOLI, Brunello. Inferno na Torre. Belo Horizonte, VOZ ACADÊMICA, n. 1, Fevereiro de 1997, p. 14.


Tudo bem. O texto está meio gongórico. Mas pelo menos mostra minha preocupação desde há muito...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Moe Flamejante II

Pimenta biquinho, vodca, gelo. E um pedacinho de gelo seco, para a fumaça.



quinta-feira, 12 de junho de 2008

Pedante com causa



O primeiro livro do século XVIII a gente nunca esquece.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Maldade inata?


Caetano Godino, o Petiso Orejudo ("Baixinho Orelhudo") nasceu em Buenos Aires em 1896. Filho de calabreses, seu pai tinha sífilis.
Mostrou instinto assassino já aos sete anos, quando tentou matar um bebê de 21 meses de idade, em um terreno baldio.
Repetiu seu modus operandi várias vezes, em inúmeros crimes contra jovens crianças, sem que a polícia, no entanto, conseguisse, contra ele, provas conclusivas.
Tinha por hábito torturar pequenos animais, como furar olhos de pássaros.
O assassinato que redundou em sua prisão, aos 16 anos, foi cometido contra uma criança, morta com um cravo de metal na cabeça. Godino utilizou-se de uma pedra como martelo.
Foi internado em manicômios, mas sempre tentava matar outros doentes mentais.
Acabou no famoso presídio de Ushuaia, na Patagônia.
Lá, continuava suas torturas com animais, furando olhos de gaivotas e matando outros bichos.
Acabou morto pelos próprios companheiros de presídio após jogar o gato de estimação dos presos em uma caldeira, queimando-o vivo.
El Petiso Orejudo pode ser considerado o primeiro Assassino em Série da América Latina.

Mais informações: http://www.petisorejudo.com.ar/

Sugestão de leitura: NEIMAN, Susan. Evil in modern thought - an alternative history of philosophy. Princeton: Princeton University Press, 2002.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Cuidado!

"Cuidado, pimenta vicia!!" - Claude Troisgros

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Casa de Afonso Penna

Palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,

Quebrada a espada já, rota a armadura…
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:

Eu sou o Vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…

Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão — e nada mais!

Antero de Quental

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Começando com livros


A iconografia de Dom Quixote é tão forte que supera a própria obra de Cervantes. É possível se reconhecer a imagem do Cavaleiro da Triste Figura, sem nunca se ter lido o livro.